Era filho de Francisco de Figueiredo e da sua mulher Cândida Henriques de Jesus. Sendo natural do lugar de Alcouce, na freguesia de Lobão da Beira, Concelho de Tondela, foi batizado, como habitual, sem indicação dos apelidos, oito dias mais tarde, na igreja paroquial de São Julião de Lobão da Beira.
Tendo frequentado as aulas do pároco de Lobão da Beira desde os 12 anos de idade, passou a frequentar o liceu de Viseu desde o ano de 1861, a fim de fazer os estudos preparatórios para as aulas eclesiásticas, passando a ser colegial ordinário do Seminário Episcopal de Viseu em 1863. Após a sua formatura, no Curso Superior de Teologia em 19 de junho de 1867, foi ordenado presbítero. Por esta altura, estreou-se como autor, mandando imprimir o seu primeiro livro de poesias, intitulado
Passou a residir em Coimbra desde março de 1868, a fim de prestar os exames como examinando externo no então Liceu Nacional de Coimbra que eram indispensáveis para a frequência da Universidade. A seguir, foi com a primeira matrícula de 13 de outubro de 1869 que frequentou os cinco anos do curso de Direito na Universidade de Coimbra, onde se formou bacharel em 5 de junho de 1874. Ainda como estudante, publicou as obras poéticas
Em consequência da proposta do bibliógrafo Inocêncio Francisco da Silva, o parecer do confrade académico António José Viale (1806-1889) foi lido na sessão de 3 de junho de 1875. Neste dia, Figueiredo foi eleito académico correspondente da Segunda Classe, Classe de Ciências Morais e Políticas da Academia Real das Ciências de Lisboa. Passados quarenta anos nesta categoria, acabou por ser eleito sócio efetivo em 3 de junho de 1915, passando, enfim, a ser votado sócio emérito na sessão da Classe de Letras de 26 de fevereiro de 1920. Em 1921 foi eleito presidente da Academia, tendo sido sucedido, em 1923, por Júlio Dantas. No mesmo ano de 1875, foi sócio fundador da Sociedade de Geografia de Lisboa (1875) e da Sociedade Protetora dos Animais (1875). Figueiredo também foi eleito sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras (cadeira 8) em 1901 e sócio da Real Academia Española em 3 de abril de 1903.
No seu segundo ano do curso de Direito, conheceu a poetisa setubalense D. Mariana Angélica de Andrade (1840-1882), também conhecida como a 'Musa do Sado', que – primeiro sob o manto do anonimato – lhe ajudou a superar a falta de fundos e financiar o seu curso em Coimbra, desde 1870. Dada a sua falta de vocação para o exercício do sacerdócio, concordaram os dois poetas que ele fosse solicitar um breve papal de dispensação da Ordem Sacra para poderem casar, documento que recebeu em meados de 1874. Com efeito, porém, conforme documenta o assento de casamento lavrado pela Administração do Concelho de Lisboa do 3º Bairro de Lisboa, o matrimónio em primeiras núpcias só foi celebrado em 17 de agosto de 1881.
Depois de ter sido incumbido de alguns cargos da instrução pública no distrito de Coimbra de 1874 a 1876, exerceu, por pouco tempo, a advocacia em Lisboa desde 1876, junto com os colegas Júlio de Vilhena e José Maria Pereira de Lima.
A seguir a uma sugestão do Governador Civil de Setúbal, António Maria Barreiros Arrobas, concorreu e foi aprovado em concurso, por decreto de 11 de outubro de 1877, como conservador do Registo Predial para Alcácer do Sal, assim como advogado da Câmara e da Misericórdia do mesmo município. Em agosto de 1878 foi ainda eleito presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal. Ainda neste ano, devido à proposta, entre outros, do orientalista Julius Oppert, foi eleito sócio da
Embora gozasse normalmente de boa saúde, em 1880 ficou temporariamente cego na sequência de uma retinite e de uma irite. Tendo regressado a Lisboa para cuidar da sua saúde na capital e tendo caído numa depressão profunda, lembrou-se que, embora já não pudesse ver, ainda era capaz de escrever. O resultado foi o livro
Depois de ter recuperado a vista, foi nomeado, em 15 de junho de 1882,Secretário-Diretor Geral da Bula da Cruzada, lugar em que serviu durante um ano, vindo a exercer o cargo de segundo oficial do Ministério da Justiça desde 8 de setembro de 1883. Pelo mesmo tempo, desde inícios dos anos 1880, Figueiredo redigiu uma série de manuais didáticos, destinados para o ensino liceal, de acordo com as reformas promovidas em 1880 e 1886 pelo ministro do Reino José Luciano de Castro. A sua fama como autor valeu-lhe a regência de várias cadeiras nalguns colégios particulares da capital, assim como a nomeação como professor interino do Liceu Nacional de Lisboa, em outubro de 1882, atividade que exerceu até 1886 e depois novamente de 1895 a 1908.
A morte da sua esposa, em 14 de novembro de 1882,deixouórfãs as suas duas filhas, ainda menores, Rosalinda Celeste de Andrade e Corina de Andrade. Alguns anos depois, em 23 de outubro de 1886, casou em segundas núpcias com D. Antónia da Piedade Serrado, com quem ainda viria a ter quatro filhos, chamados Flávia de Figueiredo, Reinaldo de Figueiredo, Otávio Cândido de Figueiredo e Dora de Figueiredo.
Para além das suas responsabilidades como funcionário ministerial e professor, assumiu a direção do periódico lisboeta
A atitude normativista que Figueiredo manifestava nestas cartas levou a uma polémica entre Caturra Júnior e o médico e filólogo José Leite de Vasconcelos que este publicou na forma de uns artigos no jornal
Sob o governo de José Dias Ferreira foi nomeado governador civil do distrito de Vila Real, em 1 de dezembro de 1892, vindo a ser exonerado em 9 de março de 1893, e depois, em 2 de setembro de 1893, nomeado secretário particular de Bernardino Machado, que desde fevereiro até dezembro de 1893 foi ministro das Obras Públicas no governo de Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro.
Após ter regressado a Lisboa, vindo de Vila Real, e estando temporariamente sem trabalho remunerado, o livreiro Avelino Tavares Cardoso sugeriu-lhe a compilação de um dicionário da língua portuguesa num só volume. Em 1895, Figueiredo começou a trabalhar no seu
Estimulado pelo sucesso editorial das suas “Lições” (1891), Figueiredo publicou vários volumes no início do século XX, nos quais apresentou sobretudo as suas ideias normativas sobre a língua portuguesa. Entre estes,
É de supor que tenham sido os seus importantes contributos para a descrição e estandardização da língua portuguesa que o levaram a fazer parte da Comissão incumbida do estabelecimento de uma ortografia oficial simplificada e uniformizada, estabelecida por portaria de 15 de fevereiro de 1911. Inicialmente, a Comissão estava prevista para ser composta pelos cinco filólogos portugueses do tempo, nomeadamente Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, o próprio António Cândido de Figueiredo, Francisco Adolfo Coelho e José Leite de Vasconcelos. No entanto, estes elementos iniciais da Comissão decidiram, na primeira sessão de 15 de março de 1911, convocar mais seis vogais, das quais apenas tomaram posse Manuel Borges Grainha, António José Gonçalves Guimarães, Júlio Moreira, José Joaquim Nunes e António Garcia Ribeiro de Vasconcelos (1860-1941).
Ao servir-se do conjunto de obras relevantes de Gonçalves Viana sobre a simplificação da ortografia, a Comissão reuniu-se semanalmente, até ao fim dos trabalhos em 23 de agosto de 1911. Na resultante portaria de 1 de setembro de 1911, o ministro do Interior António José de Almeida mandou publicar o relatório da Comissão e as bases da nova ortografia única e simplificada da República Portuguesa, em cuja revisão, realizada a 29 de novembro de 1920, Figueiredo teve o papel principal.
Vítima de micose fungoide, António Cândido de Figueiredo faleceu aos 79 anos de idade, na Rua de Dona Estefânia, 96, na freguesia lisboeta de Pena e foi sepultado num jazigo municipal do então Cemitério Oriental, hoje, Cemitério do Alto de São João.