Wilhelm Ludwig nasceu em Aue, perto de Eschwege, no Hasse, Alemanha, em 15 de Novembro de 1777. Formou-se na Universidade de Göttingen e trabalhou como assessor no Conselho das Minas de Richelsdorf. Posteriormente teve licença para viajar pelas minas da região do Harz, assistindo principalmente nas fábricas de ferro, vindo a empregar-se na prática de construções de fornalhas das fundições.
Em 1803, Eschwege é convidado, juntamente com Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen, para se dedicar à exploração e fundição das Ferrarias da Foz do Alge, afluente do rio Zêzere, núcleo onde se obteve todo o ferro fabricado em Portugal na primeira metade do século XIX. As matérias-primas para as fundições, o minério de ferro, a pedra calcária e a lenha para carvão, eram extraídas na região do “distrito das Ferrarias”. Este abrangia as vilas de Figueiró dos Vinhos, Sertã e Vila Nova de Ourém, assim como a cidade de Tomar.
Entretanto a situação política do país tornara-se difícil com as invasões francesas que assolam a nação. A corte desloca-se para o Brasil em 1807, e em 1809 é recebida em Lisboa ordem para que Eschwege e Varnhagem se apresentem no Brasil.
Eschwege partiu para o Brasil em 1810, com a incumbência de reavivar a mineração em Minas Gerais, onde ocupou os cargos de Intendente das Minas de Ouro e de inspetor das Minas de Ouro e Fundições. Entre 1811 e 1821, realizou diversas viagens de exploração e fez observações astronómicas e geológicas. O seu principal trabalho cartográfico, na qualidade de tenente-coronel do Real Corpo de Engenheiros, foi o Novo Mapa da Capitania de Minas Gerais, concluído em 1821. No Brasil, o Barão de Eschwege continuou a laborar como engenheiro de minas. Ocupou a “residência montanística de Vila Rica” destinada a dar assistência aos exploradores de ouro, montou uma fábrica de ferro em Congonhas, Minas Gerais, junto ao ribeirão da Prata e fez o reconhecimento da jazida plumbífera do Abaeté. Colaborou ainda com Francisco B. Garção Stockler na estrutura do ensino da matemática e da física na recém formada Academia Militar do Rio de Janeiro.
Permanece no Brasil até 1821, data em que retorna à Alemanha. Daqui regressou depois a Portugal em 1823, ascendendo no ano seguinte ao ambicionado lugar de intendente-geral das Minas e Metais do Reino onde se mantém até 1829, altura em que é demitido deste lugar por decreto de 11 de Junho deste ano, reinava D. Miguel.
Sem entrar em pormenores da atividade técnico-científica do Barão de Eschwege, merece referir que publicou vinte e cinco trabalhos em português e em alemão sobre assuntos geo-mineiros referentes a Portugal. Da sua estadia no Brasil resultou a publicação de mais dez trabalhos.
Quanto ao primeiro grupo de publicações ele engloba estudos sobre metalurgia do ferro, bem como mineralogia e minas, inclusivamente escritos sobre a prevenção de incêndios e o abastecimento de água e ainda um guia para a construção e conservação de estradas em Portugal e no Brasil, intitulado
Foi sobre o Brasil que Eschwege elaborou as publicações científicas mais importantes. Foi o primeiro autor a tentar apresentar uma visão geral da geologia deste vastíssimo país. As suas observações sobre as jazidas de ouro e de diamantes foram de especial interesse. Do mesmo modo foram interessantes os seus comentários sobre os “elastischen Sandsteins” a que deu o nome de itacolumite que ficou consagrado.
Durante a sua gestão da Intendência Geral das Minas e Metais do Reino, Eschwege elaborou vários estudos sobre minas de que se realçam os referentes às minas de antracite de S. Pedro da Cova e às minas de carvão de Buarcos. A lavagem das areias auríferas da Adiça, cuja exploração vem dos alvores da nossa nacionalidade mereceu a sua atenção. Aliás os estudos de Eschwege sobre as jazidas auríferas brasileiras eram muito apreciados na Alemanha onde era considerado como um dos primeiros peritos na sua exploração. Escreveu ainda sobre as minas de antimónio de Valongo, as de estanho de Rebordosa e as de chumbo de Ventozelo (Trás-os-Montes). São particularmente importantes, como trabalhos geológicos pioneiros, as observações contidas no estudo
Com a vitória dos liberais, D. Pedro chamou o Barão de Eschwege que desembarcou em Lisboa em Janeiro de 1835, sendo reintegrado no seu lugar de Intendente Geral, lugar que veio a ser extinto no ano seguinte. No seu regresso a Portugal, veio integrado no séquito do primeiro marido da rainha D. Maria II, o príncipe Alexandre de Leuchenberg que morreu prematuramente em Março de 1835. Entretanto ganhou os favores do segundo marido desta mesma rainha, o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, que se consorciou com D. Maria II em 1836.
Logo em 1838, D. Fernando adquire o arruinado convento de Nossa Senhora da Pena e respetiva cerca anexa, com terras de semeadura, pinhal e mata, incluindo o Castelo dos Mouros.
Inicia-se assim uma colaboração estreita entre o jovem príncipe de 24 anos de idade e o Barão de Eschwege que, nessa altura ia pelos 63 anos.
As obras deste notável castelo-palácio duraram 47 anos, terminando no ano da morte do príncipe. De início Possidónio da Silva, arquiteto das Obras e Paços Reais deu a sua colaboração a este empreendimento. No entanto foi o Barão de Eschwege que elaborou o projeto e superiormente orientou as obras, incluindo as do parque. Os arranjos do parque devem-se a Eschwege com íntima colaboração de Wenceslau Cifka antigo administrador das matas de Reichstadt que vem então viver para Portugal.
Wilhelm Ludwig, barão de Eschwege faleceu em 1855, ainda continuavam os trabalhos na sua obra-prima de arquitetura germano-lusa. Nos seus 77 anos de vida, um bom meio século foi dedicado a atividades no nosso país, aí incluindo os dez anos passados no Brasil. Dos cinquenta anos da sua vida profissional, dedicou cerca de dois terços às Ciências da Terra, quer como mineralogista, geólogo, mineiro e metalurgista e o outro terço à engenharia-arquitetura civil dando-nos o belo Palácio da Pena. Em paralelo, como era hábito nas atividades de engenharia nos séculos XVIII e XIX foi fazendo carreira militar, combatendo inclusivamente, contra Junot aquando da primeira invasão napoleónica, atingindo a patente de brigadeiro, vindo a reformar-se no posto de tenente-general.
Foi eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa em 7.1.1810, passando a sócio livre em 27.11.1821. Em 7.12.1836 ascende a substituto de efetivo na classe de Ciências Naturais e dois anos depois, em 15.11.1838, passa a sócio efetivo. Enquanto sócio contribuiu com diversas publicações inseridas nas coleções da Academia. Era ainda membro de várias sociedades científicas estrangeiras, entre as quais a Academia Imperial das Ciências de S. Petersburgo ou a Sociedade Geológica de França. Foi um dos fundadores da Revista Militar, em 1849. Era comendador das Ordens de Aviz e de Cristo.
Reformado em 1850 regressa à Alemanha, fixa-se em Wolfsanger, perto de Cassel, onde morre em 1 de Fevereiro de 1855 com 77 anos.