Filho de Nicolau António Nogueira e de Ana Joaquina de Almeida e Gama, Manuel Jacinto deixou a sua terra natal brasileira para cursar matemática e filosofia natural na Universidade de Coimbra, concluindo a sua formação em 1790. Iniciou funções públicas em 1791, como lente substituto de matemática da Academia Real da Marinha de Lisboa; e terá sido certamente nesse estatuto que conheceu D. Rodrigo de Sousa Coutinho quando este assumiu o cargo de ministro da Marinha e Domínios Ultramarinos em 1796. A ligação pessoal que manteve com este estadista ilustrado, bem documentada nas referências abonatórias que dele fez D. Gabriela Sousa Coutinho, mulher de D. Rodrigo, na sua correspondência privada, revelar-se-ia crucial para o desenvolvimento da sua carreira pública. O ingresso de Nogueira da Gama na Sociedade Marítima, Militar e Geográfica, instituição concebida e controlada pela visão estratégica de Sousa Coutinho, foi complemento natural dessa convergência de pontos de vista. Além das atividades de ensino de matemática, que manteve até 1801, prosseguiu carreira militar ao serviço da marinha.
Em 1798, publicou uma pequena
É digno de destaque o modo como no “discurso do tradutor” que antecede o texto das
No seu conjunto, estas incursões no domínio da tradução e divulgação de obras científicas, fariam antever uma promissora atividade na Academia das Ciências de Lisboa. Porém, quando ocorre a sua eleição como sócio correspondente, em 22 de maio de 1805, Nogueira da Gama já estava definitivamente radicado no Brasil (desde março de 1804), ficando dispensado das funções para que havia sido anteriormente nomeado (inspetor geral das nitreiras e da fábrica de pólvora e secretário do Governo da Capitania de Minas Gerais) e fixando-se no cargo de escrivão da Junta Real da Fazenda em Minas Gerais. Com a instalação da corte no Rio de Janeiro em 1808, Manuel Jacinto Nogueira da Gama foi investido nas funções de escrivão da Mesa do Real Erário, beneficiando uma vez mais da proximidade política com D. Rodrigo de Sousa Coutinho, figura-chave do gabinete do Príncipe Regente D. João.
Foi nesse período que Nogueira da Gama elaborou um documento em que procede a uma
Após a independência do Brasil em setembro de 1822, Manuel Jacinto viria a ocupar importantes funções como deputado à Assembleia Constituinte, Conselheiro de Estado e, por diversas vezes, como secretário de estado Fazenda e presidente do Tesouro Público, no 1º e 2º impérios. Foi uma sombra tutelar na organização financeira do Estado brasileiro, culminando uma carreira inesperada para quem se iniciou na vida pública como professor e tradutor de obras de matemática.