Dicionário Histórico-Biográfico da Academia das Ciências de Lisboa

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FóiosJoaquim deJoaquim de FoyosPeniche?Presbítero oratoriano, professor de latim e retórica, censor régio do Desembargo do Paço. Sócio fundador colocado como efetivo na classe de Belas Letras.Assinatura_Joaquim de Foios.png

Fóios foi um dos oito filhos de Nicolau da Matta Foyos da Horta e de Maria Negrão Lousada. Entrou para a congregação do Oratório aos 18 anos, onde se tornaria depois professor de retórica e latim.

Membro da Arcádia Lusitana, assinou sob os pseudónimos de Nicolau Mendo Osório e Fábio. Grande parte das suas poesias e algumas das suas traduções do grego clássico permaneceram manuscritas. Fóios foi ainda autor de uma edição polémica da Lusitânia Transformada de Fernão Álvares do Oriente com um prefácio em que punha em causa algumas teses de Barbosa de Machado, inclusas na Biblioteca Lusitana, sobre Álvares do Oriente.

As suas contribuições literárias foram objeto de apreciações contraditórias por parte de alguns dos seus contemporâneos. Ribeiro dos Santos considerava-o “o maior Filólogo que eu conheço em Portugal”, enquanto José Agostinho de Macedo o acusou de mania ridícula de fazer versos que “desafiam o riso ao hipocondríaco mais teimoso e taciturno que Timon Ateniense” (Braga, 1898; 1899).

Foi sócio fundador de ACL, colocado como efetivo na classe de Belas Letras (16.1.1780) e depois eleito diretor da classe (13.1.1798). Fez parte da Comissão do Dicionário da Língua Portuguesa (28.6.1780) e, nesta qualidade, foi escolhido como um dos censores do Plano do Dicionário da responsabilidade de Pedro José da Fonseca.

Fóios teve uma participação regular nas sessões e decisões da Academia, tendo publicado uma memória sobre a poesia bucólica dos poetas portugueses e uma outra sobre a “geira portugueza”. Uma das várias memórias sobre as quais emitiu o seu parecer dizia respeito a um “Plano de Instrução Pública” (1799) submetido pelo governo à apreciação da Academia (Processo académico). O “Plano”, anónimo, mas supostamente da autoria de Francisco Borja Garção Stockler, obteve um parecer negativo por parte de Fóios que o considerou “impraticável e nada acomodado ao nosso Reino de Portugal e às suas circunstâncias”.

Esteve também associado ao polémico convite feito ao general Junot para sócio honorário da Academia, tendo integrado, entre outros, com Domingos Vandelli e Garção Stockler, à data, secretário da Academia, a deputação que se lhe dirigiu para o efeito.

Ao longo da sua vida, ocupou diferentes cargos, a saber, Cronista Latino do Reino, deputado da Junta do Estado Atual e Melhoramento Temporal das Ordens Religiosas, e da Junta do Sereníssimo Estado da Casa de Bragança, oficial de línguas da Secretaria do Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, qualificador do Santo Ofício da Inquisição e censor do Ordinário e do Desembargo do Paço.

Oitavas ao terremoto, e mais calamidades que padeceu a cidade de Lisboa no 1.° de Novembro de 1755, Lisboa, por Miguel Rodrigues 1756; Oriente, Fernão Álvares do, Lusitania transformada, 2.ª edição (Ed. e notas de Joaquim de Fóios), Lisboa, Na Regia OfficinaTypografica, 1781; “Memoria sobre a poesia bucolica dos poetas portuguezes”, Memorias de Litteratura, I, Lisboa, 1792, pp.1–15; Idem, Memorias da Academia Real das Sciencias de Lisboa, I, 1797, pp. 388– 402; “Memoria sobre qual convem ser a geira portugueza”, Memórias Económicas, IV, 1789, pp. 154–158; Lembranças sobre o plano e methodo, com que se hade fazer o jornal Literario, para o qual S. Mag.e concedeo privilegio a Academia, BACL, ms. Azul 1236, s. d.; Hyppolito de Euripedes, vertido de grego em portuguez pelo Director de uma das classes da Academia R. das Sciencias de Lisboa, Lisboa, Na Officina da mesma Academia, 1803; Sonetos elegiacos, á gloriosa morte do insigne Horacio Nelson: compostos por um anonymo, e offerecidos por Antonio José da Guerra a um seu amigo, Lisboa, Imp. Regia, 1805; Expedição de Cyro à Ásia alta, BACL, ms. Azul, 46; mss. inéditos: Cyropedia de Xenophonte; Oração de Licurgo contra Leócrates.Processo Académico, AH-ACl, PT/ACL/ACL/C/001/1779-12-24/JF; Braga, Teófilo, História da Universidade de Coimbra, tomo III, Lisboa, Academia Real das Sciencias, 1898, p. 547; Idem, A Arcádia Lusitana, Porto, Livraria Chardron, 1899, pp. 219, 220. Gazeta de Lisboa, nº 15, 1808; Silva, Inocêncio F. da, Dicionário Bibliográfico Português, tomo IV, Lisboa, Imprensa Nacional, 1860, pp. 80, 81; “O Padre Joaquim de Foios – poeta”, O Ramalhete. Jornal de Instrucção e recreio, n.º 150, 1840, 397–399.José Alberto SilvaPortuguesaSócio efetivo.Belas LetrasSócio fundador em 24.12.1780; sócio efetivo na classe de Belas Letras em 16.1.1780; diretor da classe de Belas Letras (13.1.1798). Fez parte da Comissão do Dicionário da Língua Portuguesa (28.6.1780).