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Jerónimo Soares Barbosa, filho de Manuel Freire de S. Lázaro e Violante Rosa Soares, irmão de António Soares Barbosa, teve uma notável carreira académica e literária, destacando-se pelo seu compromisso com a educação e a cultura portuguesas, em especial nas áreas de gramática e educação. Formou-se no Seminário Episcopal de Coimbra, onde foi ordenado presbítero em 1762. Em 1766, após a partida de Manuel Francisco da Silva Veiga para o Rio de Janeiro, começou a lecionar Retórica e Poética no Colégio das Artes de Coimbra. Em 1768, obteve o grau de bacharel em Cânones, e o seu desempenho neste colégio foi essencial para o seu progresso académico. Em 23 de fevereiro de 1790, jubilou-se da cadeira de Retórica e Poética e foi nomeado visitador das escolas de primeiras letras e da língua latina da provedoria de Coimbra em 8 de julho de 1792, tendo sido encarregado da promoção e direção das edições de autores clássicos para uso escolar no ano seguinte. Em 11 de novembro de 1799, foi nomeado deputado da Junta da Diretoria Geral dos Estudos, destacando-se como humanista de mérito, reconhecido pelas suas contribuições para o desenvolvimento dos estudos em Portugal, para a leitura dos clássicos e para a exercitação da eloquência.

Jerónimo Soares Barbosa foi eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa em 4 de março de 1789, expressando o seu agradecimento por carta datada de 17 de abril desse mesmo ano. Em 9 de maio de 1798, foi omisso de académico a 9 de maio de 1798, sendo posteriormente nomeado sócio livre a 30 de novembro de 1809.

Entre 1796 e 1797, publicou a Eschola popular das primeiras letras, uma coleção de opúsculos sobre ortoépia, catecismo, ortografia, escrita e aritmética, com orientações destinadas aos mestres-escola, que estabelecia as bases para o ensino metódico das primeiras letras em Portugal. Em 1805, lançou o Epitome universiae historiae, um compêndio de história universal e portuguesa aprovado para uso escolar. Dois anos depois, em 1807, publicou As duas linguas ou grammatica philosophica da lingua portugueza, uma gramática filosófica comparada do português e do latim. Esta obra apresentou princípios gerais aplicáveis a todas as línguas, que Soares Barbosa adaptou primeiramente ao português e depois ao latim.

A sua colaboração com a Academia incluiu a publicação de várias obras, destacando-se a Grammatica philosophica da lingua portugueza ou principios de grammatica geral applicados à nossa linguagem, uma obra póstuma publicada pela Academia das Ciências de Lisboa em 1822. Acredita-se que a obra tenha sido concluída em 1803, uma vez que a “Introdução” data de 24 de junho desse ano. Esta gramática simplificou as regras gramaticais e introduziu um método mais racional e acessível para o ensino da língua portuguesa. Além disso, a sua dedicação ao estudo de autores clássicos e à tradução de textos relevantes estava perfeitamente alinhada com os objetivos da Academia, que visava promover e valorizar o património cultural e linguístico de Portugal.

No campo da gramática e da pedagogia, Soares Barbosa destacou-se também pela tradução e comentário de importantes obras clássicas, como a Poetica, de Horácio, e as Institutiones Oratoriae, de Quintiliano. Em 1766, proferiu a Oratio auspicalis, que foi publicada no ano seguinte. A sua obra Epitome Universae Historiae, um compêndio de história escrito em latim e publicado em 1812 pela Imprensa da Universidade de Coimbra, reuniu a história universal e de Portugal até ao ano de 1800. Este compêndio foi oficialmente aprovado para ser utilizado nas aulas de História e Retórica do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, assim como em outras instituições de ensino. Também publicou a Analyse dos Lusiadas de Luiz de Camões em 1859, obra que suscitou críticas por apontar defeitos na obra do poeta. Entre as suas traduções, destacam-se Excellencias da eloquencia popular, de Luigi Antonio Muratori, e a obra Mundo Allegorico ou O Plano da Religião Christã.

Jerónimo Soares Barbosa foi um autor prolífico e erudito cuja vasta produção contribuiu significativamente para o avanço dos estudos da língua e da cultura em Portugal. A sua dedicação ao ensino e à pesquisa, aliada à sua habilidade em traduzir e comentar textos clássicos, fazem dele uma figura de destaque na história literária e educacional do país.