A vida e as contribuições de Bartolomeu Inácio Jorge permanecem envoltas numa certa obscuridade; porém, a respetiva presença nos círculos académicos do século XVIII em Portugal não pode ser ignorada. Provavelmente nascido em 1752, a sua atividade está intimamente ligada ao magistério no Real Colégio dos Nobres, aos anais da Academia Real das Ciências e à lexicografia portuguesa, tendo desempenhado um papel significativo na elaboração do primeiro dicionário académico português.
Chegam-nos, contudo, alguns dados biográficos a partir das respostas dadas às inquirições durante o “Processo de leitura de bacharel”, de junho de 1789, que nos revelam ser Bartolomeu natural de Lisboa e filho de António Francisco Jorge (Gorge) e de Isabel Catarina Bellaguarda. O pai era comerciante, atuando como contratador de tabacos; a família paterna tem origem estrangeira, francesa ou milanesa, tendo vindo para Portugal na primeira metade do século XVIII.
A partir de 1782, Bartolomeu Inácio Jorge assumiu a posição de professor régio de Filosofia Racional e Moral no Real Colégio dos Nobres, cargo que terá ocupado até 1802, quando se jubilou.
A sua admissão na Academia Real das Ciências ocorreu em 21 de junho de 1780, inicialmente como académico supranumerário, tornando-se efetivo na classe de Literatura Portuguesa em 1784. Bartolomeu Inácio Jorge fez parte de um seleto grupo de novos efetivos da Academia em 1781 e 1785, ao lado de figuras notáveis como frei Joaquim Forjaz Pereira Coutinho e António Caetano do Amaral. A passagem a académico veterano, em 13 de janeiro de 1798, solidificou o seu estatuto na Academia Real das Ciências, reconhecendo os anos de dedicação ao avanço do conhecimento.
Poucos dias após a sua entrada, a 28 de junho, integrou a comissão encarregada da composição do
Morre em 1817, em estado de cegueira. Sebastião de Mendo Trigoso lembrou-o assim: “ao mais profundo conhecimento da arte de pensar, reunia ele tal dom de clareza, que na sua boca tornavam-se evidentes e palpáveis as mais intricadas e abstratas questões da metafísica […] entremeava uma imensa variedade de ideias, e de conhecimentos, ainda mesmo daqueles que podiam parecer mais alheios da sua profissão”.
Apesar do pouco que sabemos da sua vida pessoal, o legado de Bartolomeu Inácio Jorge ecoa ainda nas páginas do primeiro dicionário académico português, seu testemunho duradouro; e por via dessas páginas na própria língua portuguesa.