Dicionário Histórico-Biográfico da Academia das Ciências de Lisboa

DHB

SousaAntónio de Saldanha Oliveira Juzarte e2º Conde de Rio MaiorAzinhaga do RibatejoVienaMilitar, do Conselho de Sua Majestade. Sócio honorário.

Membro da nobreza de Corte, era filho dos 1.os condes de Rio Maior, D. João Vicente de Saldanha Oliveira e Sousa Juzarte Figueira e Dona Maria Amália de Carvalho e Daun, filha dos 1.os Marqueses de Pombal. Casou com a sua prima co-irmã, Dona Maria Leonor Ernestina de Carvalho Daun e Lorena, filha dos 3.os marqueses de Pombal e 1.os condes da Redinha, com geração. Foram seus irmãos o 1º duque de Saldanha, e os 1º conde de Azinhaga e 1º conde da Redinha.

Depois de frequentar o Real Colégio dos Nobres, ingressou na Universidade de Coimbra, onde obteve o grau de bacharel em Leis. Começou então a carreira militar, em 1800, assentando praça como cadete no Regimento de Infantaria 4. No ano seguinte, já como capitão, participou na campanha de 1801, como ajudante-de-campo do general Gomes Freire de Andrade. Em 1807, depois de ser promovido a coronel, em 10 de Dezembro, foi nomeado comandante do Regimento de Voluntários Reais de Milícias a Pé de Lisboa Oriental, que ele mesmo organizou com grande dedicação e investimento dos seus bens.

Como gentil-homem da Real Câmara, acompanhou a família real para o Brasil. Muito próximo do Príncipe-Regente, regressou com ele a Portugal, já coroado como D. João VI, em 1821. A régia confiança manifestou-se sobretudo em duas ocasiões, particularmente espinhosas e obrigando a grande tacto diplomático: a primeira, em 1823, após a Vila-Francada, quando o monarca o enviou ao Rio de Janeiro, para levar correspondência dirigida ao seu filho e Imperador do Brasil, D. Pedro, e à sua nora, Dona Maria Leopoldina de Áustria; todavia, o ambiente então muito crispado da jovem corte imperial brasileira e o facto de Portugal ainda não ter reconhecido a independência da antiga colónia, levou a que o conde de Rio Maior e a restante comitiva portuguesa fossem recebidos como inimigos, não podendo desembarcar e entregando a custo algumas das cartas enviadas, acabando a corveta Voadora por ser apresada e os emissários devolvidos a Portugal numa outra embarcação. Quanto à segunda missão, agora em 1825, decorreu da revolta do Infante D. Miguel, conhecida por Abrilada, que obrigou o monarca a enviar o seu filho rebelde para a Áustria, incumbindo D. António do ingrato papel de o acompanhar, numa viagem cheia de percalços e de grande tensão, morrendo o conde de Rio Maior, subitamente, na capital austríaca.

Moço-fidalgo com exercício no Paço, por alvará de 20 de Abril de 1784, foi o 17º senhor do Morgado da Oliveira - um dos mais antigos do Reino -, do Conselho de Sua Majestade, gentil-homem da Câmara de D. João VI, brigadeiro dos Reais Exércitos, grã-cruz da Ordem de Santiago da Espada e da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

Conde Rio Maior, por renovação do título paterno, por Carta do Príncipe-Regente D. João, de 7 de Junho de 1804, foi eleito sócio honorário da Academia Real das Ciências de Lisboa, em 21 de Julho de 1821.

Processo académico, AHA-ACL, PT/ACL/ACL/C/001/1821/07/21/ASOJS; ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins (coord.), Nobreza de Portugal e Brasil, vol. III, Lisboa, Editorial Enciclopédia, 1960, pp. 227-228; MONTEIRO, Nuno Gonçalo, O Crepúsculo dos Grandes. A casa e o património da aristocracia em Portugal (1750-1832), Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1998.José Augusto Sottomayor-PizarroPortuguesaSócio honorário.