Chamava-se Alexandre José da Silva e era filho de José Ferreira da Silva, alferes de ordenanças, e de Antónia Margarida Garrett. Começou os seus estudos no Convento de Santo António da Horta, de franciscanos capuchos. Optando pela vida eclesiástica, foi ordenado presbítero em 1758 e nesse mesmo ano matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, que rapidamente abandonou. Em 1761, tornou-se noviço no convento franciscano de Nossa Senhora dos Anjos, em Brancanes (Setúbal), professando em 13 de junho do ano seguinte, com o nome de Alexandre da Sagrada Família. Rapidamente se afirmou com apreciado orador sacro, mas não publicou os sermões então pregados. Sabe-se, entretanto, que um deles, datado da festa do Corpo de Deus de 1776, originou alguma controvérsia teológica. Próximo da marquesa de Alorna, ingressou na Arcádia Lusitana com o nome de
D. Maria I, aparentemente agradada com um sermão que lhe escutara, nomeou-o, em 24 de outubro de 1781, bispo de Malaca, sendo a bula de confirmação de 16 de dezembro do ano seguinte. A sagração ocorreu em 24 de fevereiro de 1783. Não chegou, contudo, a tomar conta desta diocese, uma vez que foi transferido para a de Angola e Congo, confirmado por bula de 15 de fevereiro do referido ano. Esteve em África de setembro de 1784 a dezembro de 1787, desagradando-lhe bastante quer a escravatura quer alguns hábitos dos indígenas. Também se queixou de alegadas intromissões na jurisdição eclesiástica de autoridades civis, sobretudo do governador e capitão geral de Angola, o barão de Moçâmedes. Desgostoso, regressou ao reino, quase clandestinamente, no ocaso de 1787, indo viver para o convento de Brancanes. Continuou a sua atividade como orador sacro e poeta, tendo ainda dissertado sobre o celibato eclesiástico e contra a escravatura, em textos que, uma vez mais, preferiu manter inéditos. Em 15 de junho de 1791, foi feito sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa, instituição em que não se lhe conhece atividade. Tal como vários outros eclesiásticos do seu tempo, incluindo prelados diocesanos, terá pertencido à Maçonaria.
Em finais da primeira década do século XIX, regressou aos Açores, tendo ido viver para junto de um dos irmãos, António Bernardo, em Angra, à data a mais importante cidade do arquipélago. Conheceu então o sobrinho, o mais tarde famoso escritor Almeida Garrett, cujas qualidades intelectuais muito apreciou, tendo-lhe propiciado uma excelente formação literária. Apesar da sua precária saúde, deslocou-se por duas vezes ao Brasil, tendo obtido do príncipe regente mercês para familiares e amigos. Numa dessas estadas, o futuro D. João VI proveu-o bispo de Angra, em 17 de dezembro de 1812. Não tomou de imediato posse efetiva da diocese, devido a problemas havidos entre a Coroa, a nunciatura apostólica e o cabido diocesano em torno do seu provimento, que levaram a que, apesar da presença física do bispo, o cabido exercesse o poder temporal e espiritual, como se se tratasse de